Infelizmente, os condomínios são alvos frequentes de golpistas que se aproveitam da rotina previsível e monitorável dos moradores para aplicar fraudes. Falsos prestadores de serviço, entregadores e até invasores disfarçados são algumas das estratégias mais utilizadas por criminosos.
Neste artigo, você vai entender como esses golpes costumam acontecer, como identificá-los e, principalmente, o que a administração e os moradores podem fazer para prevenir esse tipo de crime e garantir a segurança de todos.
1 – Golpe do falso morador/visitante em condomínios
Um dos golpes mais comuns em condomínios, especialmente nas grandes cidades, é o do falso morador — ou visitante. Nesse tipo de fraude, o golpista tenta entrar no prédio se passando por um condômino ou por algum familiar próximo. Para convencer os funcionários da portaria, ele costuma apresentar informações precisas sobre o morador, o que torna a encenação ainda mais convincente.
Muitas vezes, o criminoso tenta pular etapas do protocolo de segurança, evitando a checagem por telefone com o morador ou a apresentação de documentos. Para pressionar o porteiro a liberar o acesso rapidamente, ele pode até simular uma situação de emergência — como alegar que alguém no apartamento está passando mal — a fim de gerar urgência e confusão.
Quando se passa pelo próprio morador, o golpista pode inclusive vestir roupas semelhantes às que a pessoa costuma usar, imitar trejeitos, o tom de voz ou até o sotaque. Essa abordagem geralmente ocorre minutos depois da saída do verdadeiro morador, aproveitando a distração ou a troca de turno na portaria.
Como evitar o golpe do falso morador/visitante
Atenção a tentativas de acesso próximas à saída de moradores
Orientar a equipe a ficar atenta a movimentações suspeitas que ocorrem logo após a saída de moradores, pois esse é o momento mais comum de tentativa de golpe.
Exija a identificação completa
Todo visitante deve apresentar um documento oficial com foto. Nenhuma exceção deve ser feita, mesmo que o visitante alegue urgência.
Confirme com o morador
Jamais permita a entrada de alguém que diz conhecer um morador sem antes confirmar diretamente com ele(a). A ligação deve ser feita para o número previamente cadastrado como sendo do residente, ou via interfone, se disponível.
Posicionamento das câmeras
É fundamental que a portaria conte com câmeras de segurança bem posicionadas, capazes de registrar com nitidez o rosto de quem tenta acessar o condomínio.
Treinamento dos porteiros
Profissionais da portaria devem ser treinados para não ceder à pressão emocional de situações forjadas de emergência. A calma e o cumprimento dos protocolos são essenciais.
2 – Golpe do falso hóspede em condomínios
O golpe do falso hóspede segue uma lógica parecida com a do falso morador ou visitante, mas com um agravante estratégico. Nesse caso, um segundo criminoso entra em cena: ele liga para a portaria se passando pelo morador da unidade e afirma que está autorizando a entrada de um suposto hóspede, que ficará alguns dias em seu apartamento.
Esse tipo de golpe costuma ocorrer quando o morador está viajando e a unidade está vazia, o que dá mais credibilidade à narrativa criada pelos criminosos. Com acesso facilitado e sem ninguém no local, o invasor pode cometer furtos ou até se hospedar temporariamente sem levantar suspeitas imediatas.
Como evitar o golpe do falso hóspede
Oriente moradores a avisarem sobre viagens
Quando um morador for se ausentar por alguns dias, o ideal é que comunique previamente a administração ou portaria, informando que a unidade estará vazia.
Antecipe autorizações de hóspedes reais
Caso o morador deseje receber alguém durante a própria ausência, as autorizações devem ser formalizadas antes da viagem, com identificação completa do hóspede (nome completo, documento com foto, período da estadia e telefone para contato).
Desconfie de ligações autorizando entrada
A portaria nunca deve aceitar autorizações feitas por telefone, especialmente em casos de ausência conhecida do morador. Se houver dúvida, o recomendado é buscar contato direto com o número oficial já cadastrado ou acionar a administração.
Siga os mesmos protocolos de segurança
Exigir documento com foto, verificar câmeras, não ceder à pressa e manter a rotina de verificação continuam sendo fundamentais para barrar esse tipo de golpe.
3 – O golpe do falso entregador em condomínios
O delivery em condomínios é um tema que frequentemente gera debates — principalmente sobre a obrigatoriedade (ou não) de o entregador subir até os apartamentos. Mas, para além da conveniência, essa questão envolve um ponto crucial: a segurança.
Infelizmente, essa brecha nos procedimentos é justamente o que muitos golpistas exploram. No golpe do falso entregador, o criminoso se passa por entregador de comida, encomenda ou até presente — muitas vezes com uma mochila de delivery ou objetos que reforcem a encenação — e tenta acessar o prédio com a desculpa de realizar uma entrega.
Como evitar o golpe do falso entregador
Centralize as entregas na portaria
O ideal é que todas as entregas sejam recebidas na portaria. O entregador não deve subir, exceto nos casos previamente autorizados e justificados pelo morador, com registro formal.
Exija identificação
A portaria deve solicitar a identificação do entregador e, sempre que possível, confirmar a entrega com o morador antes de autorizar qualquer entrada, mesmo que o nome do destinatário esteja correto.
Confirme a entrega com o morador
Nenhum entregador deve subir sem que o morador autorize expressamente — seja por telefone, interfone ou aplicativo do condomínio. Se o morador estiver ausente, a entrega deve ser recusada.
4 – O golpe da taxa de entrega em condomínios
O golpe do falso entregador ainda pode vir acompanhado de uma segunda armadilha: o golpe da taxa de entrega. Nesse caso, o objetivo do criminoso não é entrar no condomínio, mas enganar o morador diretamente.
A dinâmica é simples: o golpista se apresenta como entregador e, no momento da suposta entrega, informa que há uma taxa a ser paga — normalmente um valor baixo, como R$ 5 ou R$ 10 — sob a justificativa de “taxa de entrega” ou “frete”. Para facilitar o pagamento, ele apresenta uma maquininha de cartão, muitas vezes adulterada, que registra valores muito superiores ou clona os dados do cartão da vítima.
Esse tipo de golpe é mais comum em datas comemorativas, como Dia das Mães ou Natal, quando os moradores estão mais propensos a acreditar que estão recebendo um presente inesperado.
Como evitar o golpe da taxa de entrega
Desconfie de cobranças inesperadas
Se o morador não foi informado previamente sobre taxas extras, a recomendação é não realizar o pagamento. Empresas sérias avisam com antecedência.
Nunca pague taxas na portaria sem checar a origem
Oriente os moradores a confirmar com a loja ou restaurante se há realmente alguma taxa pendente antes de aceitar pagar qualquer valor.
Evite pagamentos por máquinas desconhecidas
Em caso de dúvida, oriente a recusar o pagamento e entrar em contato direto com o estabelecimento. Máquinas adulteradas são comuns nesse tipo de golpe.
Reforce a comunicação com os moradores
Utilize os canais do condomínio (avisos, grupos, aplicativos) para alertar os moradores sobre esse tipo de golpe, especialmente em datas comemorativas.
5 – O golpe do falso prestador de serviços em condomínios
Nesse tipo de golpe, os criminosos se passam por funcionários de empresas conhecidas — como operadoras de internet, companhias de manutenção predial ou até mesmo agentes de saúde. A estratégia é simples: eles alegam a necessidade de realizar algum serviço emergencial ou previamente agendado, tentando acessar as áreas internas do condomínio ou, em alguns casos, até as unidades dos moradores.
Com crachás falsificados, uniformes parecidos com os oficiais e um bom discurso, os golpistas podem parecer convincentes. Às vezes, contam com informações vazadas (como nome do morador ou da empresa prestadora real) para dar mais credibilidade à abordagem. Quando conseguem entrar, podem cometer furtos, instalar dispositivos de espionagem ou até coletar informações para futuros golpes.
Como evitar o golpe do falso prestador de serviços
Exija aviso prévio e agendamento
Toda visita técnica deve ser comunicada com antecedência pela administração do condomínio ou pelo próprio morador responsável pela solicitação. Prestadores que aparecem sem agendamento devem ser barrados até que a visita seja confirmada.
Peça identificação completa
Funcionários devem apresentar crachá, documento com foto e, se possível, ordem de serviço. Em caso de dúvida, a portaria pode ligar para a empresa responsável, utilizando contatos oficiais, e não os fornecidos pelo próprio prestador.
Cadastre empresas de confiança
Mantenha um banco de dados com as prestadoras de serviço habituais do condomínio, incluindo contatos diretos e nomes de profissionais recorrentes.
Oriente os moradores
Comunique aos moradores que qualquer serviço solicitado por eles deve ser informado previamente à administração e à portaria, incluindo nome do profissional, empresa e horário previsto.
Conclusão
Os golpes em condomínios estão cada vez mais elaborados e exigem atenção redobrada por parte de moradores, síndicos e funcionários. Como vimos, os criminosos se aproveitam de rotinas previsíveis, brechas nos protocolos de segurança e até da boa-fé dos profissionais da portaria para aplicar fraudes que podem trazer grandes prejuízos — tanto materiais quanto emocionais.
Mais do que identificar os tipos de golpe, é essencial construir uma cultura de vigilância ativa e prevenção coletiva dentro do condomínio. Com informação, treinamento e comunicação clara entre todos os envolvidos, é possível tornar o ambiente muito mais seguro.Quer mais dicas de segurança e boas práticas para a gestão do seu condomínio?Continue acompanhando nossos conteúdos em nosso blog e compartilhe este artigo com seus vizinhos. Segurança também se faz em conjunto!